Páginas

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Caso Bruno mostra que o esporte nem sempre faz inclusão social

Morte de ex-modelo serve de reflexão sobre futebol, dinheiro e poder

O esporte é um caminho para inclusão social? Pode ser ou não. A tragédia envolvendo o goleiro Bruno, do Flamengo, serve para reflexão sobre o impacto da mudança repentina no padrão de vida de jovens, que revelam seus talentos no campo de futebol. É que nem sempre as pessoas estão prontas para vivenciar de forma tranquila o mundo em torno de dinheiro, fama e poder.

Posso estar equivocada, mas creio que ao descobrir e investir em novos atletas, os times deveriam se preocupar também com a formação desses cidadãos enquanto sujeitos de direitos e deveres na sociedade. Para isso é fundamental valorizar a formação profissional dos craques, independente da atividade nas quadras esportivas. Como o futuro a Deus pertence, segundo o dito popular, não basta o jogador ganhar altos salários. Precisa pensar no hoje e no amanhã. E ter suporte psicológico para o equilíbrio emocional.

O caso do jogador Bruno, suspeito de ser o mandante da morte da ex-modelo Eliza Samudio, 25 anos, é um exemplo de que o esporte nem sempre inclui. O roteiro de horror - desde o desaparecimento da jovem até o depoimento do adolescente menor de idade, que confessou envolvimento no crime - ceifou a vida da  mãe de um bebê de quatro meses, e vai excluir socialmente pessoas, que vão passar muitos anos na cadeia por conta da prática do crime hediondo. 

Que a morte de Eliza não seja em vão. Se o comportamento da ex-modelo fugia dos "padrões normais", isso pouco importa no momento. Não tem porque denegrir a imagem da vítima, que não teve como se defender dos brutos que a mataram. Bruno e os comparsas precisam pagar caro pelo que fizeram. E os times se preocupar com a ficha limpa do atleta antes de transformá-lo em ídolo.(Foto: Flickr)

Um comentário:

  1. Comentário recebido por e-mail da jornalista Isabel Santos:

    Concordo plenamente, Gal. Em entrevista, um dos técnicos de Bruno disse que, aos 14 anos, o rapaz já demonstrava o grande talento, mas também problemas de comportamento. E o que o Flamengo fez em nível de encaminhá-lo para um suporte psicológico, além de um contato melhor com a família...? Será que também o orientou a fazer um curso superior - a estudar? Provavelmente, não. E o rapaz recebendo tanto dinheiro, comprando imóvel, fazendo farras... Sempre o ter em detrimento do ser. E é assim que a humanidade que caminhar nesse mundo consumista. Não é questão defender ou acusar, mas de ver um dos lados dessa tragédia para que possamos agir e impedir que novas tragédias aconteçam. Desconhecemos a palavra respeito, que deve começar consigo para poder ter respeito com o próximo, com a vida, com o mundo. O "mundo" do futebol precisa de uma reciclagem total, sobretudo quando se trata de dar oportunidade aos jovens carentes, mas não essa oportunidade desvirtuada, que finge nada ver...

    Isabel Santos

    ResponderExcluir