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domingo, 29 de julho de 2012

Grupo de 68 pessoas emagrece quase duas toneladas

Peso reduzido é transformado em 1.898 quilos de alimentos doados a entidades


Um quilinho aqui, outro ali, mais um acolá. Quando menos se espera, o sobrepreso se transforma em obesidade. Ainda assim, quem está gordo nem sempre tem noção da sobrecarga orgânica, apesar das dores nos calcanhares, nos joelhos, na coluna e em muitos outros pontos da estrutura músculo-articular-esquelética. Mas quando encara o desafio de emagrecer e transforma os quilos extras, que carregava no corpo, em aquisição de alimentos para doação, a 'ficha cai'. Aí, fica difícil entender como era possível pesar tanto se agora não aguenta carregar nos braços um terço do peso extra.


A 'Campanha do Peso Solidário', organizada por um grupo de manutenção do Centro Médico Máximo Ravenna, em Salvador, possibilitou essa vivência. Exatos 1.898 quilos reduzidos - isso mesmo, quase duas toneladas - estavam no corpo de 68 pessoas participantes da iniciativa, que uniu solidariedade, reflexão  e incentivo a quem está na fase de emagrecimento. No sábado (28 de julho) pela manhã, os quase dois mil quilos de alimentos adquiridos por esses ex-gordos e ex-gordas foram doados ao Abrigo São Gabriel e Azilo São Lázaro, em Salvador.

Desafio

Foi chocante a constatação de que o grupo carregava corporalmente quase duas toneladas a mais de peso desnecessário . É difícil compreender mesmo. Quem mandou embora inicialmente 24 quilos - e mais dois na fase de transição - como eu, bambeou na hora de carregar um pacote com dez quilos, de uma sala a outra, no American Towers, onde estava gente em fase de tratamento da obesidade. Homens, a exemplo de Cacá, um dos idealizadores da campanha, encarou o desafio de levar nos braços o correspondente ao excesso jogado no lixo. Ele emagreceu 43 quilos e carregou isso, na forma de alimentos para doação, mas era notável que não estava fácil.

Antes da entrega dos produtos (farinha de milho, feijão e arroz) às duas entidades, muita emoção deu o tom ao encontro de quem já abandonou a obesidade - e sustenta o corpo magro - com o grande grupo de pessoas que continua no processo de emagrecimento. Nem profissionais já habituados a acompanhar o dia a dia de jovens, adultos e idosos, que buscam se libertar do excesso de peso, conseguiram conter as lágrimas.

Lema

'Não é fácil nem difícil emagrecer, mas possível", como enfatizou o lema da campanha inspirado em frase de Moema Soares (menos 47 quilos), diretora executiva responsável pelo Método Ravenna no Brasil. O grande número de pessoas que conseguiu tratar a obesidade e manter o peso controlado com o programa - respaldado em acompanhamento médico, plano nutricional, atividade física orientada e grupos terapêuticos - deixa claro que, de fato, existe um caminho para eliminar o peso extra sem cirurgia ou remédios.

A  campanha teve a colaboração decisiva de Camila Nunes (-40 quilos) e de Cacá. Também participaram do processo de organização Ana Luíza Noronha (-78), Gabriela Gusmão (-55 quilos) e Ana Virgínia (-25), entre outras pessoas que juntaram energia para transformar em solidariedade o que antes era um transtorno na vida de muita gente: o excesso de comida. (Fotos de Rita Soares de Albergaria)





domingo, 22 de julho de 2012

Bebês de mulheres submetidas à bariátrica podem ter problemas de saúde

Criança pode nascer com baixo peso e apresentar dificulade respiratória


Quem sofre de obesidade e deseja emagrecer antes de engravidar precisa se informar direito e fazer muita reflexão se optar pela cirurgia bariátrica. É que o feto pode sofrer as consequências de uma decisão como essa, segundo conclui estudo feito pela Secretaria de Estado da Saúde em parceria com a Universidade Católica de Santos.

A pesquisa divulgada pela Agência Brasil envolveu 35 mulheres entre 24 anos e 39 anos, que ficaram grávidas após o procedimento de redução de estômago. Conforme a pesquisa, 88,6% delas tiveram parto por cesárea, 50% dos bebês nasceram com baixo peso e 14% apresentaram problemas respiratórios ou pulmonares, infecções e até a necessidade de reanimação, logo após o nascimento.

Vulnerabilidade nutricional

Ainda de acordo com o estudo, a cirurgia bariátrica pode ter sido responsável pela maior vulnerabilidade nutricional das gestantes, o que pode ter provocado reflexos nos fetos, inclusive na amamentação. A pesquisa constatou que 74% das mulheres engravidaram após um ano da cirurgia e 28,5% em menos de um ano. Do total de entrevistadas, 68,6% amamentaram os filhos pelo período inferior a seis meses - 43% fizeram o aleitamento materno por apenas dois meses.
Conforme a pesquisadora e nutricionista da Divisão de Doenças Não Transmissíveis do Centro de Vigilância Epidemiológica da secretaria, África Isabel de la Cruz Perez, o que restringe a quantidade de alimento, que pode ser ingerido diariamente, é o desvio de algumas partes do intestino, onde os nutrientes são absorvidos.

Reprogramação fetal

“O cirurgião desvia o trajeto normal do alimento para não passar pelo duodeno. Por isso há um prejuízo grande da absorção. Ela come pouco e o que come não é absorvido. Assim vai passar a usar as reservas corporais que tem e, por isso, emagrece rápido", explica a nutricionista. Segundo ela, o procedimento é muito nocivo para a saúde. "Agora imagine isso para uma pessoa que está em idade fértil e vai gerar uma criança!", alerta.
A pesquisadora afirma que outras pesquisas já indicaram a possível influência da cirurgia bariátrica no nascimento prematuro e no baixo peso dos bebês. Existe também outra conseqüência como a reprogramação fetal. Nesse caso, o feto está num ambiente no qual percebe que há poucos nutrientes e interpreta isso como ambiente hostil. Assim, o feto se reprograma para acreditar que ao sair do meio uterino estará também em local com deficiência de nutrientes.

Obesidade é doença

Esta pesquisa é muito importante para que jovens obesas pensem duas vezes antes de recorrer à bariátrica, que não é o único caminho para necessita emagrecer muito. Importante nessa busca é ter consciência de que obesidade é uma doença séria e, como tal, deve ser encarada e tratada com orientação de profissionais de saúde - médico, nutricionista, psicólogo, educador físico, entre outros. 

Encarar o emagrecimento é um grande desafio sim. No entanto, isso é possível com a mudança de comportamento, que inclui prática de atividades físicas e hábitos alimentares saudáveis. Um primeiro e decisivo passo é abandonar a gordura (frituras de um modo geral e a que vem embutida em bolos e salgadinhos de todo tipo) e o excesso de sal. O sabor da comida vem dos temperos e não de sal, óleo ou manteiga. 

Refeição nutritiva

Obesos e familiares precisam compreender que frutas, leguminosas e verduras são mais baratas do que a carne, principalmente se adquiridos em bairros mais populares. Não estou afirmando para se abandonar o consumo de proteinas de origem animal, mas de enriquecer as refeições deixando-as saborosas e adequadas para quem deseja viver com mais saúde. 

É preciso desmitificar a história de que um prato nutritivo é caro. Uma dica é separar as compras e fazer a conta - de um lado, carne de boi, frango, peixe, óleo, farinha, arroz, feijao... de outro, frutas, verduras e legumes da época... Depois, diminuir a ingestão do que só faz engordar pelo que sacia a fome e também nutre.