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terça-feira, 7 de junho de 2011

Mulheres pegam no batente e homens gastam na mesa do bar

Bebidas alcoólicas agravam conflitos familiares em áreas carentes das grandes cidades

A mulher pega no batente desde as primeiras horas da manhã. O homem divide o tempo entre o popular "bico" - trabalho sem registro em carteira - e a ingestão de bebida alcoólica em botecos de qualquer esquina, o que geralmente resulta em brigas dentro de casa. Esta cena é frequente nas áreas mais carentes de grandes cidades como Salvador e merece estudo de sociológos e profissionais da área de saúde mental, se é que isso ainda não foi feito.

Conheci quatro trabalhadoras, que se dedicam ao serviço doméstico, vítimas dessa situação. Num fim de semana de maio - como tantos outros, de outros meses, de outros anos -, o marido de uma delas por pouco não morreu durante discussão e pancadaria em família. Como em ocasiões anteriores, o jovem alcoólotra, pai de um menino de dez meses, de novo resolveu encher a "cara", contrariando as recomendações da companheira para abandonar o vício.

Retornou bêbado do bar e começou as rusgas com a mulher e a enteada. Diante da agressividade, um cunhado resolveu dar um basta e partiu pra cima. Daí em diante é possível deduzir o ocorrido: a pancadaria resultou em ferimentos na cabeça e em algumas costelas quebradas, conforme relato da mulher que o levou para socorro médico, acompanhada da sogra.

A família dessas quatro mulheres é sustentada pelo trabalho delas, que se desdobram entre os afazeres remunerados e as tarefas dentro de casa. Os maridos, sem vínculos profissionais, fazem um biscate aqui, outro ali. Os ganhos nem sempre ajudam nas despesas familiares. É comum gastar o que recebem na mesa do bar e, em seguida, 'destilar' o álcool brigando em casa. 

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