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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Audiência em Lauro de Freitas relembra heróis negros

Evento na Câmara Municipal reuniu militantes e simpatizantes do movimento


Cidade mais negra do Brasil, com 82% da população afro-descendente, Lauro de Freitas realizou audiência publica para lembrar heróis da luta racial. Com o tema 'Zumbi dos Palmares e João Cândido: resistência do povo negro ontem e hoje', o evento foi realizado na Câmara Municipal e reuniu lideranças comunitárias, artistas, estudantes, militantes e simpatizantes do movimento negro.

O produtor cultural e presidente do Bloco Olodum, Raimundo Gonçalves, falou sobre a Revolta das Chibatas, liderada por João Cândido, em 1910, e a persistência do preconceito no Brasil. “A polícia matar negro como mata não é normal. Basta deste abuso”. Para o presidente do Olodum, é fundamental conhecer as histórias dos mártires para fortalecer a luta pela igualdade racial.

Segundo o jornalista Hamilton Vieira, o marinheiro negro João Cândido não apenas lutou contra as chibatas, mas também contra o baixo soldo, a má alimentação e as humilhações. “É uma história de resistência. Ele foi um homem que, já no Século XX, não aceitou a escravidão”. 

Para que a realidade mude, segundo ele, é preciso que os jovens estudem a história. “O Primeiro Mundo foi uma desgraça para os negros e os povos das Américas. Por isso acho importante conhecermos também a história da África. Vai nos ajudar a compreender a nossa condição, que não é fruto da falta de capacidade nossa. Nós não tivemos oportunidade, sempre tudo nos foi negado”.

O superintendente de Promoção da Igualdade Racial, Eriosvaldo Menezes, anunciou a aquisição de livros da história africana e dos afrodescendentes, que serão lecionados nas escolas municipais, da 1ª à 4ª série. “É motivo de muita emoção para nós. Finalmente a gente conseguiu” - completou. 

HISTÓRIAS PESSOAIS
 
As discussões foram ilustradas com histórias pessoais, como a do marinheiro aposentado Esmeraldo Emetério. “Em 69, a Marinha uruguaia ainda chicoteava. Uma vez pude testemunhar a prática de amarrar o marinheiro ao tronco. Chamei o oficial e disse que eles iriam executá-lo. O navio era estrangeiro, mas estava em águas brasileiras. Em menos de 10 minutos tinha almirante e outras autoridades intervindo. Naquele dia, pelo menos, ele não morreu”.

A audiência fez parte da programação do Novembro Negro em Lauro de Freitas, que durante todo o mês oferece exibição de documentários, seminário, exposição, encenações teatral, amarração de ojás entre outras atividades ligadas à cultura afro-brasileira. (Foto: Danilo Magalhães/Divulgação)  

Fonte: Decom/Prefeitura de Lauro de Freitas

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