Do alto do 13° andar onde moro, observo a construção de um novo prédio na rua do meu endereço. Fica localizado a uns 150m da Avenida Mário Leal Ferreira, conhecida como Bonocô. Nasce mais uma moradia de classe média em Salvador. E placas no muro de proteção divulgam as características do imóvel, promovem a venda dos apartamentos. Citam nomes do arquiteto, engenheiro e construtora.
A cena me motiva pensar no processo que se esconde por trás de cada construção. Da fase de projeto até tudo ser moldado e a obra ficar pronta, diversas pessoas soam e muito, porém a maioria figura apenas como operários.
As placas, por exemplo, não citam as mãos anônimas que, aos poucos, dão forma ao desenho do arquiteto, seguindo as instruções do engenheiro. Mãos de “José”, “ Pedro”, “ Joaquim” ou outros tantos. Desconhecidos. Simplesmente desconhecidos.
Na obra perto da minha casa, os operários imprimem o mesmo ritual todo dia, das 7h às 18h, com pequeno intervalo para o almoço. Com chuva ou sol, lá estão eles trabalhando. Batem martelos, cortam e ajustam o tamanho das barras de ferro usadas para erguer colunas, assentam tijolos, fazem o reboco.
Em qualquer obra, os operários cuidam da parte pesada da edificação. Das instalações hidráulicas e elétricas. Depois começa a etapa do acabamento. E quem se dedica a isso também? As mesmas mãos anônimas. Elas pincelam e distribuem as cores pela parede, colocam azulejo, rodapé, sanca. Torna real, concreto, o prédio imaginado na prancheta de arquitetura.
Por último, os trabalhadores instalam a placa batizando mais um prédio na cidade. Não assinam a nova obra, mas deixam o registro de suas impressões digitais em cada canto da construção. Sinais das mãos desconhecidas que moldam as construções. (Foto: Regis Capibaribe)
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