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quinta-feira, 31 de março de 2011

Especialistas destacam conduta ética de José Alencar

Frase do ex vice-presidente do Brasil fundamenta argumento de analistas


 Uma frase dita pelo ex-vice-presidente José Alencar durante a luta contra o câncer atingiu em cheio a classe política brasileira e, por consequência, canalizou o sentimento de milhares de cidadãos que têm uma conduta ética e moral irrepreensível em seus vidas. “Não tenho medo da morte, tenho medo da desonra”, dizia. 

Esta é a avaliação de cientistas políticos da Universidade de Brasília (UnB), que durante a crise política do governo Fernando Collor fizeram estudos para tentar detectar até que ponto as denúncias de corrupção do Estado atingem diretamente o brasileiro comum.

A professora e cientista política, Lúcia Avelar, integrou esse grupo. Segundo ela, uma das conclusões da análise é que esse tipo de cidadão é visto, geralmente, como “uma pessoa mole, boba”, que não sabe tirar vantagens por meio de condutas nem sempre morais e éticas. Ela acrescentou que, ao encarnar esse tipo de brasileiro, José Alencar personalizou o “cidadão comum”.

“Para uma pessoa honrada como José Alencar é melhor a morte do que ser desonrado”, destacou a professora da UnB. De acordo com ela, a postura não se construiu “de uma hora para outra”, mas no decorrer de toda uma vida pessoal e profissional.

Lúcia Avelar também avaliou a importância de Alencar na manutenção da estabilidade política do País no momento mais grave dos oito anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2005 e 2006, o Brasil foi surpreendido por denúncias de corrupção e compra de votos de parlamentares, pelo governo, para que aprovassem matérias de seu interesse no Legislativo.

Segundo a professora, o então vice-presidente sempre foi um “admirador e companheiro fiel do presidente Lula”. Com essa convicção, José Alencar “não se deixou cair no canto da sereia” de empresários e políticos que viam nele a oportunidade assumir o poder “por se tratar de uma pessoa do setor empresarial e acharem que, com ele, seria diferente”.

Em entrevista à Agência Brasil, o governador de Sergipe, Marcelo Déda, fez a mesma avaliação do momento político vivido por Lula no primeiro mandato. Para ele, ao se manter fiel ao presidente, Alencar preservou o governo de maiores desgastes e, com Lula, foi o maior responsável pela retomada da normalidade política no País.

O também cientista político da UnB, Ricardo Caldas, analisa que a admiração do cidadão brasileiro pela postura de José Alencar vai além de sua participação como político. Segundo ele, Alencar não construiu carreira na vida política e partidária mas, sim, na iniciativa privada. “Ele entrou na vida pública como um político zero-quilômetro, sem cobradores”.

LUTA CONTRA A DOENÇA

Outro fato a seu favor foi a disposição de luta contra uma doença, o câncer, que “é o calvário do século 21”, disse Caldas. Ao dar frequentes declarações, durante os últimos 14 anos, de fé em Deus e pedir aos brasileiros que orassem por sua saúde, o ex-vice-presidente “conquistou os corações de todos os cristãos, independente da religião de cada um”, ressaltou o cientista político.

Ao responder a um repórter sobre o eventual medo da morte e afirmar que temia mais a desonra, José Alencar trouxe, sem querer, o debate da ética à tona, disse Ricardo Caldas. “Ele, nesse aspecto, levou [para o debate] a questão da ética na política. Ao comentar sobre sua saúde, com a resposta, José Alencar atirou em uma coisa e acertou o Congresso Nacional inteiro. Caso não fosse vítima do câncer e continuasse na vida pública, seria a pessoa certa para conduzir o debate sobre a reforma política”.

Para o membro do comitê jurídico da Organização dos Estados Americanos (OEA), Ricardo Seitenfus, o ex- vice-presidente trouxe três grandes contribuição ao País. A primeira foi o exemplo de um empresário que acreditou no Brasil e demonstrou ser possível vencer por meio do trabalho, mesmo quando as pessoas têm origem humilde. Em segundo, destacou a importância de Alencar na construção de um diálogo entre a esquerda e a população. “Ele foi uma espécie de ponte entre o País que era sonhado e o Brasil real”.

A terceira contribuição foi o exercício do poder e a atitude como vice-presidente. “José Alencar inovou. Foi um vice discreto, mas atuante. Tinha uma posição sobre os temas centrais do Brasil, como o juro zero, que defendia mesmo se contrariasse a politica governamental.” (Foto: Agência Brasil)


COMENTÁRIO DA EDITORA DO BLOG 

Engradeceria a biografia do ex vice-presidente José Alencar o gesto de fazer o exame de DNA para dirimir a dúvida sobre uma suposta filha fora do casamento. Seria um exemplo no cenário do País onde muitos  homens ainda resistem a reconhecer a paternidade. E mais um registro importante na história desse  brasileiro que tanto lutou pela vida e se tornou um mito.

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