Retornava da Paralela em direção à Avenida Juracy Magalhães Júnior, onde a movimentação dos veículos travou. Minha irmã ao volante e eu, de carona, começamos a especular: ainda não é cinco da tarde, então por que o trânsito parou? Só pode ser acidente, dizia uma. Ou algum carro quebrado na pista, acreditava outra.
Nessa conversa enquanto o carro seguia por uns 10 metros - e logo depois parava vários minutos - foi possivel ultrapassar o trecho da Rodoviária/Iguatemi e, finalmente, alcançar a Avenida Antonio Carlos Magahães. No percurso deu para perceber que o grande problema do tráfego naquele momento estava na Bonocô. No sentido do Centro da cidade, os veículos não saíam do lugar. Porém a razão do engarrafamento continuava desconhecida.
Só mesmo chegando em casa ficou clara a informação após rápida consulta à internet. Nenhum dos possíveis motivos imaginados correspondeu ao que de fato aconteceu. O caos em Salvador, das 16h às 19h da quinta (dia 23), tinha por trás uma disputa dos rodoviários pela nova direção do sindicato da categoria. As divergências internas ultrapassaram os muros da entidade e chegaram às ruas.
Tudo começou na Rótula do Abacaxi, onde foi colocado um ônibus fechando a pista. De repente, o trânsito deu um nó dificil de ser desatado. Nas Avenidas Bonocô e Paralela, áreas do Iguatemi e Sete Portas, a imagem era de um engarrafamento que atingiu 20 quilômetros. Vinte e cinco ônibus tiveram os pneus furados. Usuários desciam dos coletivos e voltavam para casa a pé. E os motoristas de carros particulares não escondiam a revolta.
A desordem por causa da briga interna do Sindicato dos Rodoviários mobilizou o Ministério Público do Estado da Bahia. A apuração dos fatos está sob a responsabilidade da coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco), promotora de Justiça Ana Rita Nascimento. Ela solicita às emissoras de televisão as imagens dos acontecimentos. Bem feito. Os responsáveis devem ser punidos para que fatos como esses não se repitam. (Imagem: Betto Freitas/Olhares Fotografia Online)
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