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sábado, 11 de abril de 2009

Crônica da Semana / Sexta Santa

Recordações da infância perto do Rio Pardo


A Sexta-Feira Santa com a manhã chuvosa motivou recordações da minha infância. Do tempo em que vivia numa pequena fazenda às margens do Rio Pardo num município do interior baiano. Rio forte como é o nordestino. Que encarava a seca de meses seguidos sempre com reserva de água para abastecer quem morava nas proximidades. Surgem lembranças da mesa farta todo ano nessa época.

Minha mãe, que em julho do ano passado se despediu do plano terreno, preparava os pratos com esmero. Peixes frescos e salgados, todos fisgados na límpida água do Rio Pardo; macarronada com sardinha mergulhada num saboroso molho, frigideira de bacalhau com batata. Tudo feito de forma muito carinhosa.

Na quarta-feira começava o ritual - a farra maior era na Sexta. A carne bovina tinha que ser substituída pelo peixe, seguindo a tradição. E ninguém se arriscava a escapar dessa regra porque mãe não permitia. Só no Sábado de Aleluia é que o cardápio volta ao normal. Na Sexta Santa a família se reunia ao lado de convidados. Às vezes, eran pessoas que moravam do outro lado do rio.

Antes da degustação, a criançada fazia a festa. Tomava conta do grande quintal da casa branca erguida no alto do morro. Corriam de um lado a outro, jogavam gude, subiam nas mangueiras... bem diferente de hoje. Os peixes, na maior parte, são comprados congelados no supermercado. Onde foram capturados? Ninguém sabe.

As crianças confinadas em apartamentos tem pouco espaço para compatilhar as brincadeiras junto aos primos e amigos. Quando os pais estão dispostos, palmas!!! Elas vibram pela oportunidade de curtir a praia ou o parque.

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