Páginas

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Programas de Tv apelam em nome da audiência

Imagens chocantes levadas ao ar perto do meio-dia denunciam o sensacionalismo

Em dois programas televisivos apresentados por emissoras de Salvador só falta jorrar sangue pelos aparelhos. É fácil, fácil nominá-los. Se Liga Bocão, exibido na Tv Itapoan, e Na Mira, na TV Aratu. As imagens chocantes demonstram o sensacionalismo decorrente da briga pela audiência no horário próximo do meio-dia.

Não convence o argumento do caráter meramente informativo do que é apresentado. Como os dois programas dedicam muito espaço à divulgação de fatos relacionados à violência, tudo bem que noticiem esses assuntos. Mas não precisa apelar. A necessidade de mostrar, por exemplo, corpos estirados no chão ou num carrinho de compras, como aconteceu na quarta (28), só tem uma justificativa: disputa pelo Ibope.

Em nível nacional, o Brasil Urgente (Band) tem o foco em questões da violência. Há muitos fatos impactantes. Porém, ao menos, a orientação é não aproximar a câmera das vítimas fatais ou mesmo de quem esteja em situação grave necessitando de socorro. Longe de mim o interesse em defender o programa apresentando por Datena. A citação tem o propósito de lembrar a possibilidade, sim, de evitar a exibição de cenas que em nada contribuem para conter a criminalidade.

Aliás vale pontuar que os baianos necessitam e desejam ver a polícia atuando nas ruas de Salvador no combate à violência. Ninguém é contra isso. Mas a população não pede que as ações policiais sejam mostradas, de forma ostensiva pela mídia, ou que os presos sejam entrevistados nas delegacias, a não ser evetualmente em situação de maior repercussão. Essa decisão é apenas dos editores/apresentadores e, por extensão, das emissoras.

Alguém pode sugerir ao telespectador, que não gosta de ver estes tipos de cenas, mudar de canal. Sim, essa é uma possibilidade. Mas os veículos de comunicação - principalmente a televisão e o rádio que funcionam por concessão - tem a responsabilidade de pensar, e muito, na qualidade da programação. Assim, ao invés de favorecer a alienação do público, pode ajudá-lo a refletir neste momento sobre o sério problema da violência e como enfrentá-la de forma mais inteligente. (Imagem: Regis Capibaribe)

Nenhum comentário:

Postar um comentário