Benedito Simões*

Relendo esses dois artigos, que me foram passados há muitos anos pelo jornalista Fernando Escariz, de saudosa memória, fica claro o papel desencadeador de mudanças do fazer jornalístico na Bahia com o surgimento da TB. As sementes plantadas por Quintino, “sem qualquer preocupação de ordem ou espacejamento”, deram inúmeros frutos.
Primeiro, a tecnologia. A TB surge como primeiro jornal off set e com um sistema de impressão a frio pioneiro no País. Mais do que isso, porém, as mudanças contemplavam desde a disposição da Redação e a proximidade com o editor-chefe, passando pelo cuidado com o texto e o apuro das informações.
A fotografia também foi valorizada como fonte de informação e não apenas como ilustração da reportagem. E mais que isso, a proposta de Quintino incorporava a subjetividade como elemento intrínseco e fazia uma profissão de fé na independência editorial e compromisso com os anseios da sociedade.
Já naquela época, ele falava de comunicação integrada e impunha ao jornalista o exercício da escolha dos temas mais relevantes a serem destacados para o leitor. Ou seja, o olhar do jornalista incorpora o sentimento do leitor sobre o tecido social em qualquer aspecto, inclusive o econômico e o político.
Um ano antes da primeira edição, a TB, considerada um grande laboratório de talentos até hoje, promovia um processo “fazendo gente”, conforme dito por Quintino. Tratava-se, na verdade, do recrutamento de jovens para ingressar no jornalismo, naquilo que ficou conhecido como “a escolinha de Quintino”.
Para mim, que tive o privilégio de trabalhar e aprender com alguns profissionais oriundos desse período, esse é um dos mais preciosos legados, que agregam valores inestimáveis à marca Tribuna da Bahia: talento, criatividade e independência.
*Benedito Simões
Jornalista, começou a trabalhar na TB como redator.
Foi editor de Economia, Cidades, secretário de Redação.
E editor-chefe de meados de 1989 a 1992.
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