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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um estado de espírito

(Artigo publicado na edição comemorativa dos 40 anos da Tribuna da Bahia)

Benedito Simões*

“A Tribuna da Bahia é um estado de espírito”. A afirmação é de Quintino de Carvalho, jornalista responsável pela concepção de um novo jornal na Bahia, lá pelos idos do final da década de 60 do século passado. Primeiro editor-chefe da Tribuna, Quintino, a quem não conheci, revela em dois textos uma visão extremamente rica da atividade jornalística.

Relendo esses dois artigos, que me foram passados há muitos anos pelo jornalista Fernando Escariz, de saudosa memória, fica claro o papel desencadeador de mudanças do fazer jornalístico na Bahia com o surgimento da TB. As sementes plantadas por Quintino, “sem qualquer preocupação de ordem ou espacejamento”, deram inúmeros frutos.

Primeiro, a tecnologia. A TB surge como primeiro jornal off set e com um sistema de impressão a frio pioneiro no País. Mais do que isso, porém, as mudanças contemplavam desde a disposição da Redação e a proximidade com o editor-chefe, passando pelo cuidado com o texto e o apuro das informações.

A fotografia também foi valorizada como fonte de informação e não apenas como ilustração da reportagem. E mais que isso, a proposta de Quintino incorporava a subjetividade como elemento intrínseco e fazia uma profissão de fé na independência editorial e compromisso com os anseios da sociedade.

Já naquela época, ele falava de comunicação integrada e impunha ao jornalista o exercício da escolha dos temas mais relevantes a serem destacados para o leitor. Ou seja, o olhar do jornalista incorpora o sentimento do leitor sobre o tecido social em qualquer aspecto, inclusive o econômico e o político.

Um ano antes da primeira edição, a TB, considerada um grande laboratório de talentos até hoje, promovia um processo “fazendo gente”, conforme dito por Quintino. Tratava-se, na verdade, do recrutamento de jovens para ingressar no jornalismo, naquilo que ficou conhecido como “a escolinha de Quintino”.

Para mim, que tive o privilégio de trabalhar e aprender com alguns profissionais oriundos desse período, esse é um dos mais preciosos legados, que agregam valores inestimáveis à marca Tribuna da Bahia: talento, criatividade e independência.

*Benedito Simões
Jornalista, começou a trabalhar na TB como redator.
Foi editor de Economia, Cidades, secretário de Redação.

E editor-chefe de meados de 1989 a 1992.

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