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sábado, 30 de maio de 2009

CRÔNICA DA SEMANA / CHUVA E SOL

História de longas estiagens e grandes enchentes é antiga no Nordeste

Faça chuva ou faça Sol, entra governo, sai governo, passam anos. Tudo se repete. A história de longas estiagens ou de grandes enchentes é antiga. Mas ainda não pareceu ninguém disposto a encarar essas situações de frente. Não no momento de calamidade pública. Continuamente, para evitar que as tragédias voltem a ceifar vidas na Bahia, no Maranhão, no Rio Grande do Norte e demais povoações nordestinas.

O que fizeram no município de Cocal da Estação, Piauí, por exemplo, é uma maldade. O governo estadual autorizou o retorno das famílias à área de risco ao redor de Algodões 1 e o resultado não poderia ser outro: o rompimento da barragem com danos irreparáveis. A água invadiu o município, causou a morte de cinco pessoas e deixou quatro desaparecidas, sem falar no dilema de quem sobreviveu. Foi no Piauí. Poderia ser outro local, porque a ausência de ações governamentais em benefício dos nordestinos é histórica.

A situação em Cocal da Estação repercutiu no Senado recebendo severas críticas de parlamentares do estado, como registra a Agência Senado. Mão Santa (PMDB-PI) culpou o governo por autorizar o retorno da população à região próxima da barragem. A área tinha sido evacuada três semanas antes em razão do perigo do rompimento. Mesmo assim, com base em um tal parecer técnico, o governo liberou o retorno. Segundo Mão Santa, a ordem foi criminosa. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) considerou o ato uma irresponsabilidade.

Aliás, irresponsabilidade é o que não falta por aí. Transpondo o problema de Cocal da Estação para Salvador, percebe-se também a omissão do poder público. As encostas que embelezam a capital baiana - e desenha seu traçado em Cidade Alta e Cidade Baixa - desafiam os governos desde sua fundação. Já foram realizados muitos estudos técnicos da situação, porém falta implementação de ações que revertam o drama sofrido pelos moradores.

Como não se investe preventivamente em contenção de encosta, saneamento básico, projetos habitacionais populares decentes nem campanhas educativas, que orientem as famílias a não jogar lixo nessas áreas, o que se vê quando a chuva chega? Deslizamentos e mais deslizamentos, desabamentos de casas, gente desabrigada, gente morrendo. Aí todos lamentam, como se a culpa fosse da Natureza e suas inesperadas alterações climáticas.

Quando o olhar se dirige ao Semi-Árido, o drama decorre de situação oposta. Estiagem na maior parte do ano, falta de água, falta de comida, falta de esperança, falta de tudo. Isso se repete há longos e longos anos. Aí, mandam carro-pipa, cesta básica, fazem algumas frentes de trabalho. Faça chuva ou faça Sol, é sempre assim neste pedaço de Brasil chamado Nordeste. A foto é de free2use-it!

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