Morre o cineasta Anselmo Duarte

O diretor e ator ganhou notoriedade com o filme "O Pagador de Promessas" ambientado em Salvador

O cinema brasileiro perde Anselmo Duarte. Ele morreu aos 89 anos, em São Paulo, na madrugada deste sábado. O diretor e ator alcançou notoriedade com O Pagador de Promessas - ambientado no Centro Histórico de Salvador, na Bahia. O filme rendeu ao cineasta, no ano de 1962, a Palma de Ouro, em Cannes, única concedida a película brasileira, e disputou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Escrita e dirigida por Duarte, a história nasceu a partir da mente inventiva do baiano Dias Gomes. O protagonista é "Zé do Burro" - interpretado por Leonardo Villar -, pessoa humilde que enfrenta a intransigência da Igreja quando tenta pagar promessa, feita num terreiro de Candomblé, de carregar uma pesada cruz, por um longo percurso, até alcançar o templo. Dono de um pequeno pedaço de terrra no Nordeste brasileiro, o personagem considera um burro seu melhor amigo.

O tormento começa quando o animal adoece e "Zé do Burro" promete a uma mãe-de santo doar sua terra aos pobres e carregar uma cruz, até a Igreja do Passo, para oferecer ao padre local. Ao perceber que o animal tinha se recuperado, o autor da promessa faz de tudo para pagá-la.

O sacerdote se recusa a receber cruz. A partir daí todos tentam se aproveitar da inocência de Zé. Os praticantes de Candomblé querem usá-lo como líder contra a discriminação que enfrentam na Igreja Católica. Já os jornais sensacionalistas transformam sua promessa de dar a terra aos pobres em grito pela reforma agrária. No resumo da ópera, a polícia é chamada para prevenir a entrada de Zé no templo, e ele acaba assassinado num confronto entre policiais e manifestantes a seu favor. Na última cena do filme, os manifestantes colocam o corpo morto de Zé em cima da cruz e entram à força na igreja.

Anselmo Duarte nasceu na cidade de Salto, interior de São Paulo. Iniciou a carreira no cinema com ator quando passou a morar no Rio de Janeiro, nos anos 40. Atuou em várias produções da Atlântida, como Carnaval no Fogo, comédia musical sobre um plano de assalto ao Copacabana Palace, em que contracenava com Oscarito e Grande Otelo, além de assinar o argumento do filme. Fez ainda Aviso aos Navegantes sobre uma companhia teatral excursionando em navio luxuoso, em que atuou com a mesma dupla em filme de igual diretor: Watson Macedo. Foi com Macedo que ele aprendeu a dirigir e escreveu roteiros e argumentos.

Fontes: Wikipédia
Estadão