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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Radiação solar e calor ameaçam os baianos

Reportagem de Lílian Machado, publicada na "Tribuna da Bahia", alerta para o problema.

Imagine os raios solares penetrando em seu corpo e queimando várias células e a camada externa e interna de sua pele. Pois é isso que a radiação solar faz de forma ainda mais intensa, quando o índice ultravioleta (IUV) atinge o grau extremo, fato ocorrido nos últimos dias na capital baiana, quando o nível chegou a 12 – considerado o mais perigoso para a saúde.

O índice registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) mostrou o que deve ser comum daqui até o final do verão, período em que os dias vão ser mais longos e de céu claro. A estação mais quente do ano começa no dia 21 de dezembro às 14 h 44.

Segundo os meteorologistas, o IUV nos últimos dias em Salvador está na faixa mais grave do nível de ultravioleta, esperado para esta época do ano, quando o verão se aproxima. “Esse é um fenômeno natural do final da primavera e do início do verão, quando começa a incidência solar. Nessa época temos menos nebulosidade e mais radiação. Quanto menos nebulosidade que é um protetor natural mais incidência de radiação”, enfatiza o meteorologista Heráclio Alves, do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá).

O IUV inserido no nível entre 11 a 14 – registrado na capital baiana, principalmente no final de semana, é classificado como extremo. Pela ordem decrescente existe o índice de 8 a 10 – graus muito alto, 6 a 7 – alto, 3 a 7 - moderado e 1 a 2 – muito baixo. A partir do moderado já há necessidade de proteção com camiseta, filtro solar e chapéu. Já nos demais níveis é preciso uma proteção mais intensa, tendo que evitar exposição ao sol nas horas próximas ao meio – dia, além de ser recomendado o uso de camiseta, boné, filtro solar e óculos escuros.

“Se não puder evitar o sol é viável que as pessoas se protejam bastante, principalmente entre as 10 h e 15 horas quando a radiação é mais intensa”, recomenda Alves. Nestes dias a temperatura na cidade deve ter máxima de 31 a 32 graus. Conforme a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Claudia Valéria, apesar do índice de ultravioleta ter chegado ao extremo na capital baiana, o nível varia bastante. “A cada dia é um novo. Em dias de chuva, por exemplo, não se observa isso. Mas os índices costumam serem altos no nordeste do Brasil”, comenta. Valéria também destaca que a proteção diante da exposição ao sol deve ser intensificada nesta época do ano.

O dermatologista Paulo Barbosa recomenda uma série de cuidados contra a intensidade de ultravioletas sobre a pele. Segundo ele, em primeiro lugar é preciso evitar que crianças até dois anos se exponham ao sol, pois não existe fator de proteção para essa faixa etária. “Antigamente as pessoas citavam o período de 8 h às 9h como sol de criança, mas hoje não é mais, pois os índices estão cada vez mais altos”, afirma.

Na exposição ao sol, o especialista ressalta como elementos importantes, hidratação ao máximo e protetor solar. “Além disso, hoje já existem novidades no mercado como, roupas, boné, chapéu com filtro solar, há também protetores para cabelo, etc.”, cita.

Barbosa destaca ainda que não importa o fator de proteção do produto, mas sim a aplicação. “Mesmo que o protetor tenha um alto nível de duração é necessário sempre repor, ou seja, repetir várias vezes a aplicação”, afirma, enfatizando que na praia é importante que as pessoas utilizem de vez em quando os chuveiros e permaneçam debaixo de barracas e sombreiros. “As pessoas precisam saber que quando a pele fica vermelha é porque se queimou e ficou cozida internamente. Quem é branco não se bronzeia, mas sim fica vermelho”.

O dermatologista chama atenção para as doenças de pele, como o câncer, que surge a quatro novos casos de câncer para cada 100 mil habitantes. “Vale ressaltar que os cuidados devem ser bastante intensificados nos primeiros 20 anos de vida. Aos 40 e 50 anos é quando surgem as manchas e lesões que foram provocadas anos antes”, afirma.

CALOR MUDA HÁBITOS DA POPULAÇÃO

O verão nem bem chegou e a sensação térmica de intenso calor já está fazendo os baianos mudarem de hábito nessa primavera. Ir com mais frequência a praia, ingerir líquidos, consumir produtos gelados, usar óculos, chapéu e protetor solar virou rotina na vida de quem não suporta as altas temperaturas. Para passar o calor, a maioria investe em peças leves e curtas.

A temperatura máxima tem feito com que as pessoas saiam mais de casa e se refresquem tomando água de coco na orla e ou degustando um sorvete nas sorveterias espalhadas pela cidade, a exemplo de A Cubana, na Praça Municipal, Centro. Quem vende líquidos e gelados também tem feito a festa. “Durante o dia de sol como esse de hoje chego a vender 200 cocos”, disse animado o vendedor informal, Wallace Veloso Veras de Araújo, enquanto comercializava o produto em frente ao Farol da Barra.

O incremento na comercialização do gelo também está garantido nos próximos dias. Faltando um mês e meio para a estação mais quente do ano, o consumo de gelo entre os comerciantes do Farol e do Porto da Barra já aumentou bastante. “A partir de agora a expectativa é de que vendamos 400 pacotes de 20 kg por dia. Somente nessa área foram 200 pacotes hoje”, disse um funcionário de uma empresa de Lauro de Freitas, enquanto fazia a distribuição ontem na Barra. (Foto: Regis Capibaribe)

Fonte: Tribuna da Bahia Online

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